domingo, 26 de julho de 2009

Ficha

Sua idade: 30 anos e três dias. Algumas horas.
O que mudava: absolutamente nada ou tudo ao mesmo tempo.
O motivo do desespero: nenhum que fosse palpável.
O motivo da alegria: agora sim podia dizer que fora alegre, pois uma festa feliz a esperara sem que ela desconfiasse, e comera quindins, operetas, sanduíches, bolo, estourara bolas e a cor das bolas que estourara era rosa.
A continuidade: já acontecia.
O que a esperava: tudo de antes, ou seja, vida, trabalho, noites, manhãs, incômodos, alegrias, um lançamento de livro próximo, o resto do inverno, barulho no trânsito, pedintes, ambulantes, notícias infames na televisão.
O que ela não queria: continuar dominada por angústias infundadas.
Um dia depois, como estava: feliz da vida e rodeada do sublime que era o filme japonês A Partida e o livro brasileiro A Chave da Casa, de Tatiana Salem Levy, que ela leu em 48 horas ou menos.
O clima: frio, nublado, chuvoso, do jeito que ela gostava.
Que dia é hoje: domingo, mais uma vez.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Os trinta anos

Daqui a dois dias a menina ali sentada e digitando ia fazer trinta anos.
Menina?
Daqui a dois dias a moça ali sentada e digitando ia fazer trinta anos.
Moça talvez.
Daqui a dois dias ela, ali sentada - e digitava - faria trinta anos e começaria a ler Balzac.
Que ninguém a visse assim translúcida. Era um horror. Agitavam-se nós na garganta e nos ouvidos. Ela sentia ecoar um grito que nunca deixara de ouvir. Porque:
Dali a dois dias a moça com raivas de velha ia fazer trinta anos. E digitava.
Porque não queria e queria muito. E não sabia o quê. Queria ultrapassar os quarenta, logo, se pudesse. Mas a proximidade dos trinta não ajudava. A astróloga desconhecida anunciara um retorno de Saturno. Ela não queria Saturno de volta e então era por isso todo o seu amargor? Todo o desespero?
E nisso ela digitava. Para tentar não lembrar muito bem. De quê? Bem, faltavam dois dias. Ou menos até. Um dia e algumas horas. Para? Os trinta anos. Era aquilo que a esperava. E ela não queria esperar mais.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Nosso livro




Depois da fama e da celebridade mundial na programação da OFF FLIP (sem exageros desmedidos, afinal, alguns de nosso bando deram entrevista para a BBC de Londres e, se eu não estava presente e não vi, acredito piamente e tenho provas, te-nho pro-vas!!!), o lançamento agora em Copacabana!!!

O conto que escrevi e que faz parte desse sonho foi o primeiro conto que levei ao clube, sendo que, quando foram escolhidos os contos, eu tinha apenas 2 contos no clube. Lembrando que todos os contos necessariamente fizeram parte do clube da leitura. A idéia é essa!!! Eu sou a mais nova integrante da confraria (não de idade, lembrem, mas de participação!) e a mais neurótica no que se refere a levar um conto para ser lido em voz alta na minha presença. Tanto que, quando foi lido o conto, não agüentei e fiquei lá fora, no boteco ao lado, conversando com o Ribas. Atualmente, já consegui levar 4 contos e, no último, consegui estar presente enquanto era lido pela Carmen, que o defendeu magnificamente através de sua sensível leitura. Bem, espero que gostem e que possam ir à festa!