sexta-feira, 19 de abril de 2013

O começo do ano



Vem cá, esse ano já começou começando, não é? Apesar de começar mesmo depois do carnaval (vide o exemplo do Congresso, que só vota o orçamento sabe-se lá quando), apesar de janeiro ser um mês sui generis, esse ano começou começando, com coisas e mais coisas e mais coisas. Porque, de modo geral, eu sempre tenho a impressão de que janeiro começa se espreguiçando, preparando-se pra tomar fôlego, observando o cenário e preparando as armas. Mas esse ano está meio diferente. Não me refiro a fatos ou eventos de repercussão nacional, até porque já tivemos uma tragédia (e estou começando a contabilizar, em minhas teorias sobre os anos pares e ímpares e a regularidade que eu insisto em colocar neles, que todo mês de janeiro tem uma tragédia acontecendo), mas falo das miudezas da vida diária, os eventos humanos de cada um, a vida como ela é no aqui agora das relações humanas. Sei lá, pra mim, ao menos, o ano começou começando, ele não está esperando nada por enquanto não. Já tá de pé. Já tá arranhando. Já mirou o alvo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

As caixas chegaram

 
As caixas chegaram. Duas horas embalando livros. Livros, documentos, poucas revistas. Sete caixas. Faltam outras. Ainda tem as louças. Ainda bem que não tem armários e a televisão fica pra trás. Ainda bem que não tem cama, mas tem colchão. A bateria praticável ainda é uma incógnita no meu futuro. Amanhã todos os nossos pertences, meus e de Jow, todos eles, vão sair da Glória, atravessar a Lapa e chegar na Tijuca. Meus tempos gloriosos vão ficando pra trás, mas vêm vindo (torço, torço) meus tempos Valparadisíacos. Deve ser um upgrade (torço, torço). De qualquer modo, adorei o chorinho, adorei a pizza do chico (que já conhecia, mas que ficou a uma ladeira de mim), adorei o samba da feira, cuja aleatoriedade não nos permite acompanhá-lo, adorei o Aterro logo ali, adorei a vizinhança do Gui, adorei poder ir a pé pra Lapa, adorei o Triboz, adorei comer saladinhas e árabes com a Luísa no Gregora, adorei as visitas da Dani, adorei o Taberna, adorei o carnaval a poucos metros, adorei todas as figuras que transitam pela minha rua e mais ainda saber a hora cheia com os sinos da Igreja, que eu não frequento mas que é linda, isso é. Adorei a iluminação verde do Templo Positivista, cujos porões já conheci muito antes. A nostalgia só não me domina mais porque, enfim, tem as caixas. Elas chegaram. Estão à espera. Exigem mãos à obra.